Resenha:
Crows Zero (2007), Diretor: Takashi Miike
Por Janete Oliveira
O tema de guerra entre gangues sempre nos remete aos estereótipos das gangues americanas que brigam por territórios de drogas e ilegalidades mútliplas.
O filme Crows nos leva até a escola secundária para meninos Suzuran, cujos alunos gastam seu tempo não estudando, mas brigando para saber quem é o mais forte e, por conseguinte, quem manda na sala, no ano (equivaleria à série escolar no Brasil) e na escola. Em uma escola dividida nessas disputas setorizadas, surge Kenji, um filho de yakuza que sonha em unificar a escola em torno de si, chegando ao topo como o mais forte e, assim receber um domínio yakuza do pai.
Pensando assim, desafia todos os líderes da escola para chegar logo ao topo. Aqui aparece a questão central do filme, um membro da yakuza para quem ele pede apoio diz: “o que você precisa é de companheiros unidos por um forte laço”. A partir daí começa a busca de Kenji por companheiros que possam tornar realidade seu sonho.
Nessa busca, amizades e fortes laços são desenvolvidos, a união do grupo contra o “inimigo” dá a perfeita noção de quanto o grupo é necessário para se atingir o topo. O que é central na sociedade japonesa, acreditar em si e nos seus companheiros é criar um grupo vencedor.
A personalidade de Kenji, um lutador que não desiste nunca, nem quando seu corpo já não consegue mais se mexer, inspira o desprezado yakuza Ken que vê em Kenji a oportunidade de seus sonhos de juventude serem realizados através dele. Por causa do rapaz, ele desafia o seu clã Yakuza e sela fatalmente o seu destino. O caráter incansável de Kenji e sua dedicação aos amigos cimentam os laços com os antes rivais na escola e esses se transformam em coragem e força no campo de batalha formado.
O filme é baseado no mangá (revista em quadrinhos) de 26 volumes, Crows, de Hiroshi Takahashi publicado de 1990 a 1998 e dirigido pelo controverso diretor Takashi Miike conhecido por colocar em seus filmes violência extrema e perversões sexuais. O diretor esteve representado no Festival do Rio de 2008 na mostra “100 anos de imigração japonesa” com o filme Sukiyaki Western: Django, um faroeste japonês falado em inglês. Também é conhecido pelo ultra-violento Ichi the Killer (2001) e o perturbador Audition (1999). No entanto, Miike também é conhecido pela sua versatilidade em dirigir diversos tipos de filmes.
Não fugindo da marca registrada do seu diretor, Crows apresenta cenas de muita violência, mas apesar disso, deixa claro o quanto o grupo é um elemento importante na sociedade, bem como a importância de nunca se desistir dos seus objetivos. Fatores esses fundamentais para a manutenção da integridade da sociedade nipônica. O filme foi um sucesso e possui uma continuação que estreou em 4 de abril no Japão: Crows Zero II. Agora os rapazes do colégio Suzuran têm que lutar contra outro colégio rival de garotos. “Zenbu kowashite zero ni naru” (Destruir tudo, transformar em zero)
Confira o trailler do filme na seção de audiovisual.