Resenha

O comum é sempre mais belo ao pôr do sol

por Janete Oliveira

ALWAYS sanchome no yuuhi (título em ingles  - Always: Sunset on Third Street) 2005. Diretor:Takashi Yamazaki

Lançado em novembro de 2005 e ganhador de 29 prêmios de diversas instituições do cinema japonês, entre elas a Academia japonesa e publicações especializadas, esse filme mostra o retrato do cotidiano de um Japão em reconstrução depois da Segunda Guerra Mundial. O sucesso do filme foi tão grande que houve uma sequência em 2007 com os mesmos personagens, mas que não chegou a alcançar o mesmo número de prêmios e sucesso.
Baseia-se  no Mangá “Yuuyake no toki - Sanchome no Yuuhi” de Ryohei Saigan que foi publicado por mais de 30 anos pela Shogakukan e possui uma versão em anime transmitida entre 1990 e 1991 pela rede de TV TBS.
Tendo como cenário a Tóquio da era Showa (era japonesa definida de acordo com o imperador em exercício), exatamente o ano 33 (1958), vemos um Japão se recuperando do pós-guerra, a Torre de Tóquio ainda em fase de construção e ainda produtos eletrônicos como geladeira e televisão são vistos como artigos de luxo.
O filme mostra a chegada da jovem Mutsuko à loja de automóveis da família Suzuki localizada no bairro (o Sanchome do título) e relata o cotidiano que os cerca. A dona de bar Hiromi que recebe o filho abandonado por uma amiga do passado, Junnosuke, e sem poder cuidar dele, entrega-o ao escritor fracassado dono de uma loja de doces, Chagawa. De uma aversão inicial pelo garoto, Chagawa acaba por desenvolver um sentimento paternal pelo garoto que se revela um grande fã das histórias de aventura que ele escreve para uma revista infanto-juvenil. Além disso, Junnosuke revela grande talento para a literatura fantástica. Ao mesmo tempo, Hiromi percebe em Chagawa e em Junnosuke a oportunidade de construir uma família, mas problemas familiares complicam a situação.
Ao mesmo tempo, a jovem Mutsuko que esperava trabalhar em uma grande empresa de carros (Suzuki também é nome de uma grande empresa automotiva do Japão), encontra-se decepcionada em trabalhar em uma pequena loja de conserto de carros. No entanto, a convivência com a família Suzuki vai formando um laço muito forte para ambos os lados.
Lembrando um pouco os filmes de Yasujiro Ozu como “Bom dia” e “Era uma vez em Tóquio”, Always faz das pequenas coisas do cotidiano comum do Japão uma bela história sobre relacionamentos humanos e de como o comum, a rotina, podem ser tão preciosos.
Assim como bem exemplifica a música tema do filme que faz o seu encerramento, “Always”, do grupo D-51:
“O sol que derrete vermelho no céu e tinge a cidade e as pessoas.
Balança trêmulo como que acenando “até amanhã”.
O sorriso que aflora com o cheiro da ceia trazido pelo vento.
As pessoas de quem você escuta a voz gentil ao telefone.
No tempo de criança e mesmo agora me envolvem profundamente.” (tradução livre da autora)

Referências:
imdb.com (inglês)
amazon.co.jp (japonês)
yesasia.com (japonês)

Clique aqui para fazer o download do pdf desta resenha