Resenha

O cinema visto pelos olhos nipônicos

por Janete Oliveira

O cinema é uma arte que atrai pessoas no mundo todo e existem várias revistas por todo lugar que exploram o tema, abordando-o de maneiras diversas de acordo com o seu público específico.

O Japão não seria diferente: é um país que já ganhou quatro prêmios Oscar de filme estrangeiro e tem na galeria de honra dos grandes mestres do cinema um representante de peso, Akira Kurosawa. O cinema nipônico movimentou cerca de dois bilhões de dólares no ano de 2008 segundo a associação de produtores de cinema do Japão e foram lançados 418 filmes nacionais no ano contra 388 estrangeiros segundo a mesma associação.

Comparando-se o mercado japonês ao brasileiro (com valores estimados de 2008), percebemos que o Japão possui em torno de 60% a mais de salas de cinema e tem uma sala para cada 38000 habitantes contra cerca de 88000 habitantes no caso brasileiro.

No entanto, a julgar pelas capas das revistas que tratam do assunto podemos perceber uma semelhança entre elas: fotos de rapazes. Ao abri-las, elas parecem mais ensaios fotográficos dos mesmos do que propriamente material jornalístico sobre cinema.

Uma razão para isso seria que a maioria dos espectadores de cinema no Japão são mulheres. Segundo os dados de 2006 do departamento de estatística do Ministério de Negócios Internos e Comunicação do governo japonês, um percentual de 40% das mulheres assistem filmes no cinema contra 33,7% dos homens, pois os japoneses que já estão dentro do mercado de trabalho não têm tempo para ir ao cinema. Enquanto ainda estão na universidade pode-se até pensar em filmes, mas ao conseguir um emprego ou casar, esse passatempo fica cada vez mais difícil.

Adicione-se a isso o fato do preço do ingresso ser em torno de 1800 ienes (R$ 36,7 – cotação em 29/06) e, mesmo com promoção sai a 1000 ienes (R$ 20,37 - cotação em 29/06) e um preço médio em todo país de 1214 ienes (R$ 24,73 – cotação 29/06). Esse custo alto do cinema e a falta de tempo acabam por afastar os homens do cinema, deixando para as mulheres a maior fatia de espectadores atualmente. Acredita-se que seja por esse motivo que as revistas utilizem esse apelo estético.

Em meio a tantas caras e bocas, o ELO encontrou uma revista diferente do que parecia ser padrão nas revistas relacionadas à sétima arte no Japão: a Kinema Junpo.

Também chamada de Kinejun, a revista foi fundada por quatro estudantes secundaristas em 1919 e completa 90 anos em 2009. A revista de cinema Kinema Junpo começou com quatro páginas e com a freqüência de três vezes ao mês voltada especialmente para o cinema estrangeiro. Hoje possui cerca de duzentas páginas cobrindo o cinema japonês, asiático, europeu e americano e com periodicidade quinzenal.

Seu escritório foi destruído pelo grande terremoto da região de Kanto em 1923 e por conta da guerra, em dezembro de 1940, as edições foram encerradas nessa época para serem reiniciadas em outubro de 1951. Desde então, é publicada nos dias 5 e 20 de cada mês.

Além disso, a Kinejun se tornou uma grande empresa do ramo cinematográfico possuindo um instituto de cinema e até mesmo um prêmio para a categoria (o Kinema Junpo Awards), além de outras publicações.

Referências
kinejun.com (em japonês)
ja.wikipedia.org/wiki (em japonês)
en.wikipedia.org/wiki (em inglês)