Resenha:

Okuribito (2008) - Diretor:Yojiro Takita

Por Janete Oliveira

Na edição de março, o ELO já havia feito uma prévia do filme por ocasião do prêmio de melhor filme  estrangeiro pela Academia de cinema americana, coroando uma longa jornada de premiações desde seu lançamento no final de 2008. Em 15 de maio, Okuribito estréia no Brasil com o título de “A Partida”. Em japonês, o nome "okuribito" significa "pessoa que envia", no caso do filme seria enviar para o outro mundo.
O filme conta a história do violoncelista Daigo Kobayashi, forçado a retornar a sua cidade natal por conta do fim da sua orquestra em Tóquio. Voltando à casa deixada pela sua falecida mãe, Daigo tem que enfrentar a casa cheia de lembranças de um pai que ele mal conheceu e abandonara a mãe por causa de uma amante.
Começando uma nova vida no interior, ele procura um novo emprego e, por causa de um erro no anúncio, Daigo acaba por encontrar a empresa Agente NK achando que era uma empresa de viagens, pois no anúncio dizia que seria uma ajuda na viagem, no entanto, a viagem à qual a empresa prestava ajuda era bem diferente. NK é uma abreviação de Noukanshi que literalmente significa especialista em colocar corpos em caixões. 
A partir daí começa a jornada de Daigo pela arte de preparação dos corpos para a despedida final da família. No entanto, lidar com a morte causa grande efeito nos vivos. A princípio Daigo sente vergonha e não conta nada à esposa Mika, mas particularmente ele começa a se encantar com o trabalho e com a reação dos parentes dos mortos após o trabalho. Com  a descoberta sobre seu novo emprego pelos amigos e pela esposa, ele se encontra diante de uma difícil escolha: deixar o emprego que o fascina ou perder a esposa. Ele escolhe o fascínio e o filme, ao som do violoncelo de Daigo, passeia pelo belo balé da preparação dos corpos, um ritual de respeito e movimentos suaves como a dança das flores de cerejeira na primavera.
Não por acaso, o filme inicia exatamente no inverno que possui uma simbologia de morte na mitologia japonesa e chega com uma nova vida em seu final exatamente na primavera, o nascimento. Passando por todo tipo de situação, Daigo descobre que preparar um corpo tem um significado muito maior para aqueles familiares e amigos que assistem à despedida de um ente querido, vêem a sua transformação de um corpo sem vida naquele rosto conhecido do cotidiano e vão para sempre guardar no coração aquela bela memória. Assim como Daigo faz soar as cordas do seu violoncelo docemente, seus movimentos durante o trabalho constituem uma sinfonia de celebração de vida e morte, a segunda nunca desejável mas inseparável companheira com a qual, apesar de se deparar todos os dias, acaba por representar para Daigo a mais difícil tarefa e, ao final, o filme nos sinaliza que a cada vida que se esvai, outra toma seu lugar em um ciclo infinito e inevitável. O que nos resta é guardar uma bela memória de vida no momento final da despedida. Não deixe de conferir na seção de audiovisual o trailler de Okuribito.

Referências
movie.goo.ne.jp (em japonês)