Miscelânea

Os Judeus no Brasil

por Beatriz Torquato

fotoO auditório Machado de Assis, na Biblioteca Nacional (RJ), ficou pequeno no final da tarde de terça-feira (20/07). Aos poucos iam chegando cada vez mais ouvintes, com olhares ansiosos e muita expectativa. O motivo: naquele dia o Projeto Biblioteca Fazendo História trataria da questão dos Judeus no Brasil. A iniciativa da Revista de História da Biblioteca Nacional, que se repete a cada nova edição lançada, busca aprofundar o tema abordado na reportagem de capa por meio de um ciclo de debates, sempre com dois especialistas no ramo. Nesse encontro mais recente, a temática da trajetória dos judeus que optaram por residir no Brasil foi conduzido por dois historiadores cujo campo de estudo se encontra apoiado na questão: Angelo de Assis, professor de História na Universidade Federal de Viçosa, e Fábio Koifman, professor de História na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro(UFRRJ).
O conteúdo exposto se deu de acordo com os dois principais momentos da trajetória desse povo em solo brasileiro: o primeiro contato, por conta da diáspora na Península Ibérica no século XVI e sua chegada em massa já na Era Vargas, momento de intensa imigração europeia. Com uma linguagem acessível para leigos, os professores buscaram evidenciar os principais aspectos da questão, de forma a demonstrar que a cultura brasileira em muito se beneficiou com a intervenção da cultura judaica.
O debate se inicia com o pesquisador da Universidade Federal de Viçosa. Em sua introdução, descreve a trajetória judaica em solo nacional como “secular, tendo deixado marcas na história brasileira”. Para demonstrar tais marcas, o professor começou no período anterior ao descobrimento do Brasil, no ano de 1492, quando ocorreu a expulsão dos judeus do reino espanhol, fortemente católico. Ao migrar para Portugal, a população judaica estabeleceu-se comercialmente e enriqueceu, porém no ano de 1496 a perseguição torna a acontecer. A Igreja Católica não via com bons olhos a convivência e a influência entre judeus e cristãos. Mas, por outro lado, o rei se via em situação difícil: dependia dos impostos coletados e, ao provocar o êxodo da população judaica, estaria perdendo entre 10 a 15% da população, cerca de 1 milhão de contribuintes. Segundo o Professor Angelo de Assis, um prazo de dez meses foi dado para que deixassem o reino e aqueles que desejassem permanecer deveriam então converter-se, tornarem-se cristãos. Muitos, de acordo com o professor, foram forçados à conversão, visto que a Igreja realizava “batizados-surpresa” nos portos, quando estavam prestes a embarcar para outros países, e em outros ambientes públicos, como praças.

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Links:

Revista de História da Biblioteca Nacional
http://www.revistadehistoria.com.br/v2/home/?go=edicao
Informações complementares: documentário A Estrela Oculta do Sertão
http://www.youtube.com/watch?v=e2F8kCP1Ctl