Literatura (Oswaldo Truzzi)

Sírios e Libaneses – Narrativas de História e Cultura


por Beatriz Torquato

Oswaldo Truzzi, em seu livro Sírios e Libaneses – Narrativas de História e Cultura, relata a trajetória e a motivação de milhares de imigrantes oriundos da região conhecida por Grande Síria (que hoje é dividida entre Líbano e Síria), dominada por turcos otomanos. Tal controle político teve duração de quatro séculos, chegando ao fim como um dos resultados da Primeira Guerra Mundial. Por este motivo, ao se dirigirem para as Américas ainda no século XIX, este povo foi genericamente nomeado “turco”, como explica o autor:(…) quando os primeiros sírios e libaneses foram chegando ao Brasil, ao final do século 19, ainda no início da imigração em massa, esses imigrantes carregavam consigo passaportes expedidos pelo império turco. Daí porque foram, e ainda são, reconhecidos como “turcos”, embora tivessem uma identidade distinta, pois os turcos, na verdade, eram apenas os que então dominavam politicamente a região onde aqueles viviam.” (TRUZZI: 2005, p. 01)
A região da Grande Síria, dominada pela orientação religiosa muçulmana e pela língua árabe, abrigava também diversas culturas e expressões religiosas em suas aldeias e vilarejos. Muçulmanos e cristãos conviveram harmonicamente até o período de declínio do Império Otomano, quando disputas de poder, alimentadas pelos valores imperialistas europeus, ajudaram a segmentar e a criar graves conflitos regionais.
A configuração geográfica da região propiciava o isolamento populacional e o fomento de conceitos e valores característicos, o que sedimentava ainda mais a identidade única destes povos, e acabava por acentuar as disparidades entre os grupos conflitantes. Em seu livro, Oswaldo Truzzi diz que “religião, família e aldeia encerram os fundamentos mais caros da identidade de sírios e libaneses” (Ibidem, p. 03), e explica:
Embora a região territorialmente pertença ao chamado mundo árabe moderno, e seus habitantes efetivamente sejam falantes da língua árabe, os sírios e libaneses identificam-se sobretudo com a religião professada e com a região ou aldeia de origem, elementos fundadores de suas identidades, muito mais que com um estado-nação, inexistente para eles na época da emigração. (Ibidem, p. 02)
Levando em consideração tais reflexões gerais, Truzzi busca esmiuçar, nos tópicos seguintes de seu livro, os principais aspectos que estimularam e contribuíram para a vinda e o estabelecimento deste grupo, de cultura e tradições tão ricas, a esse país.

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