Entrevistado:

Joelson Santana

Por Janete Oliveira

coliseu

Foi a sua primeira vez na Itália? Qual a primeira impressão? Correspondeu à suas expectativas?

Sim foi a minha primeira vez na Itália.
Eu diria que sim, porque eu não estava fazendo tanta expectativa assim. Obviamente esperava ver um lugar interessante com muitas coisas importantes ou famosas, especialmente historicamente, e isso eu consegui.

Roma é uma metrópole mundial, sendo assim a globalzação de pessoas também pode ser vista por lá. Quem é hoje a cara de Roma?

Eu não poderia dizer ao certo a fisionomia do romano no passado, se imaginasse pensaria algo próximo de Marcello Mastroiani (mas ele não é romano), contudo, embora as estatísticas indiquem que grande parte da população seja italiana, mesmo que oriunda de outras regiões, o número de imigrantes (europeus, asiáticos -indianos, filipinos, nepaleses, chineses, coreanos - e sul americanos) trabalhando nas ruas e nas lojas dá a impressão de que essa população se já não é grande, vai tornar-se num futuro próximo. Assim, a cara de Roma é bem miscigenada e diversificada.

O que você pode falar sobre a situação dos imigrantes em Roma?

No curto espaço de tempo que passei por lá, as pessoas que vi e, obviamente, não eram turistas, estavam trabalhando. Andando pelas ruas, pude ver coisas como um trabalhador - imigrante - conversando com o empregador sobre o seu salário que parecia estar atrasado e algo com relação a sua demissão. Algumas pessoas, em certas áreas da cidade, vendem coisas nas ruas como frutas, roupa e suvenires. Acredito que a situação deles com relação a trabalho não seja muito fácil obviamente, pois os imigrantes (até onde pude observar) ou tem o seu próprio negócio, o que indica uma longa estada ou que aquele imigrante trabalha para um outro que vive por lá há mais tempo ou é empregado por alguém. Acredito que muitos dos imigrantes que ficam por lá tragam suas famílias com o passar do tempo. A parte de Roma onde fiquei não era um distrito comercial, sendo assim não pude ver imigrantes trabalhando em serviços que supostamente exigiriam mão de obra qualificada...

Como você avalia a relação dos italianos com essa situação?

Isso é algo muito delicado, posso dizer que quando entrei no país eles olharam bem para o meu passaporte e que políticos de direita tem uma vantagem com o público italiano. Há exemplos de certa intolerância como também de integração sendo veiculados pelos meios de comunicação. Porém, com últimos casos de barcos de imigrantes afundando, pessoas vivendo em guetos,e senhoras sendo atacadas ao sair do metrô o povo italiano não esteja tão propenso a aceitar qualquer grupo e em qualquer número de pessoas. Citando um jovem imigrante nepalês, sobre a opinião dos italianos sobre imigrantes ele diz o seguinte: "Eles não gostam da gente."

Como a mídia européia retrata a questão da imigração?

A mídia de países desenvolvidos, que são os destinos de imigrantes, sem dúvidas condena a imigração ilegal, contudo, nem todo imigrante é ilegal ou é figura em índices de criminalidade. Desta forma, e necessário certa maturidade para compreender as informações publicadas em certos periódicos. Temos que levar em conta que países como a Itália vem elegendo representantes do povo que são de direita, isso adicionado os tristes incidentes de violência cuja responsabilidade é de imigrantes, faz com que o desconforto de ambas as partes seja imenso. A discriminação pode existir mas não é aparente, ao menos em veículos de comunicação de respeito, mas a maneira de expor pode dar margem a intolerância que é fomentada por muitos outros. Infelizmente, nem sempre a assimilação e a tolerância é pauta na representação dos imigrantes na mídia