Artigo

Cosplay e a visão da cultura japonesa no Brasil

por Carlos Alexandre Moreno
por Janete da Silva Oliveira

Desde crianças, em festas familiares ou na escola, vestimos fantasias e assumimos uma outra personagem por divertimento. Geralmente, essa identidade reconhecida como fantasiosa e temporária não tem grande esmero em termos de produção. Serve apenas para aqueles momentos de festa e brincadeira. Mas essa talvez seja uma prática ultrapassada, anterior aos tempos geração eletrônica. Uma era em que a sociabilidade era construída na escola e nas ruas por meio de amizades e de um espírito coletivo que o individualismo contemporâneo deixou vazar para as telas, do computador, do celular, do videogame.

A construção da identidade hoje em dia é marcada por outros processos de convivência. Os eletro-eletrônicos tornaram-se os principais mediadores das interações sociais, sobretudo para os mais jovens. Isso certamente condiciona a formação identitária, pois os modelos de comportamento são consolidados ainda na adolescência.

          Os adolescentes trazidos para atendimento parecem simbolizar a ponta de um iceberg de um estilo de vida próprio do final da década de 90 e início do novo milênio. São representantes de famílias de classe média que possuem uma dinâmica familiar na qual predomina o individualismo. Cada membro normalmente possui sua rotina independente da do outro, com horários de alimentação, sono e lazer próprios. O que tem facilitado um maior grau de isolamento com conseqüente diminuição de atividades coletivas, o que é tão importante para o adolescente. Umas das conseqüências de tal isolamento passam a ser a timidez e a insegurança frente aos contatos interpessoais. Mediado pelo computador, o adolescente parece buscar superar seu isolamento através destes contatos com grupos de pessoas com o mesmo perfil. Após meses de vivência virtual com estes "amigos", os eventos entre os cosplayers são uma solução para a saída do isolamento e a vivência com um grupo em que o adolescente vai vestido como o personagem e não como ele mesmo, tornando-se um cosplayer.(Andriatte, A.M.; De Benedetto,F.)

Sendo assim, a sociabilidade, que antes costumava ser estruturada por meio de interações familiares e com pares, reconfigura-se na liquidificação individualista que tem se operado na contemporaneidade. A cultura do eu, apoiada em computadores e telefones celulares, que abriram as portas do mundo virtual para os adolescentes, originou alter-egos que ganham vida não só nas telas de monitores e outros aparelhos. Eles agora tomam a forma de personagens de carne e osso, que se apresentam em grandes eventos como atrações centrais.

Cosplay é a junção/abreviação de “costume player” e vem do hábito de os norte-americanos se fantasiarem em convenções de histórias em quadrinhos nos anos 1970 com roupas dos seus personagens preferidos. Celebrizada pelos fãs de Star Trek e de Star Wars, a prática se tornou mais freqüente e organizada com o advento da febre “animê”. Os fãs dos quadrinhos e desenhos japoneses absorveram o hábito, e o cosplay é hoje em dia um fenômeno que mobiliza pessoas do mundo todo.

...

Baixe aqui o artigo completo